Por Marcelo Sanzoni
Campeonato Brasileiro de Downhill Skate na Ladeira da Morte
Discussão muito comum em redes sociais, a frase que “longboard não é skate” é aquela que dá a partida para muitas discussões na internet, e o que pude presenciar no Brasileiro de Downhill da Ladeira da Morte me trouxe respostas mais do que claras sobre o assunto.
Aquele foi um domingo quente, quente o bastante para descolar a película do meu celular enquanto fazia a transmissão por ele via Instagram (@eusouskatista). Cheguei para ver um campeonato de ladeira e sinceramente não esperava muito, mesmo porque no mesmo dia rolavam pelo menos mais quatro eventos, cumprindo minhas expectativas até consegui parar o carro próximo ao evento, o que me deixou mais crédulo sobre o que estava prestes a ver.
Ao descer do carro encontrei o mestre Helio Greco com quem andei os 50 metros conversando e ao passar as tendas que tampavam a visão da rua, me deparei com o que eu mesmo subestimei, um evento cheio, mas cheio num ponto de eu nem conseguir mensurar o número de pessoas presentes, dentre famílias, competidores, a galera do churrasco e tudo mais. Tudo o que me vinha na cabeça foi “O Mesaque e a Dani conseguiram!”, mas as surpresas não pararam aí. Como esperado, encontrei meus amigos da ladeira, meu companheiro de mídia Cri Duarte e algumas celebridades do downhill que já haviam sido anunciadas, como Fernandinho Batman, Cliff Coleman e a família Yuppie, e aí a coisa começou a ficar louca. Comecei a encontrar amigos que nunca achei que encontraria num campeonato de ladeira: encontrei skatistas de alto calibre da história do skate como Didi Nagao, Daniel Kim, Ari Bason, Paulo Folha e alguns outros.
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Começando a transmissão eu comecei a entender o nome daquela ladeira na qual cheguei trupicando devido a inclinação - a Ladeira da Morte é realmente um veneno para os despreparados. As modalidades de DHS desciam numa velocidade na qual eu facilmente digo hoje que aquele foi um dos campeonatos mais perigosos que já assisti. Manobras de giro em velocidades que eu nem imaginava ser possível, e sem contar a apresentação do Mesaque que me deixou estarrecido. Eu NUNCA tinha visto ele andar ao vivo. Em vídeo a impressão é que é rápido. Ao vivo a impressão é que algo está errado e alguém deveria pará-lo porque ele estava tentando se matar!
Após uma tarde de muito papo com amigos e uma transmissão que estranhamente ao meu ver estava muito cheia, para um final de semana com tantas transmissões de campeonatos simultaneamente, foi no final do dia que eu realmente pude me deparar com a vibe do downhill. Chegando a hora da premiação, eu olhava para os lados e me assustei: diferente da maioria dos campeonatos onde praticamente só amigos, fãs e familiares ficam para acompanhar, lá eu enxergava um mar de gente esperando ansiosamente para ver como seus irmãos de ladeira tinham se saído, e é sério, mesmo com um defeito de áudio na hora, as pessoas não desencanaram, eles realmente estavam lá! Sinceramente, mal consigo pensar em campeonatos onde o público realmente esperou a premiação (eu sei que era o Brasileiro, mas não é o primeiro campeonato brasileiro que acompanho e nunca tinha visto isso!), só que ainda assim era uma premiação de campeonato, e claro que nem sempre todos saem felizes ou concordam, mas isso é para resolver entre eles.
Então ao entrar no carro eu entendi, o longboard pode dizer de boca cheia que é skate e nesse domingo foi o evento de skate mais plural do Brasil, se não foi do mundo! O downhill foi onde o skate começou e aqui definitivamente é a modalidade que sobrevive a tudo e aquela que reúne o maior número de modalidades, nem que seja para tomar uma cerveja e bater um papo. A galera da ladeira está de parabéns pelo show de civilidade, skate na base e de pluralidade sem preconceitos, definitivamente foi um dos melhores eventos de skate que já presenciei e só tenho a agradecer a todos os que participaram para fazer este evento acontecer! #eusouskatista
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Marcelo Sanzoni Skatista, com o trabalho em mídia no Canal Eu Sou Skatista desde 2016, militante do skate e sempre focado em divulgar a cultura e a essência do skate, transmitindo pelo menos duas lives por semana no Instagram a mais de um ano e dando voz a lendas, skatistas do dia a dia e fomentadores do skate, aquele que já entrevistou do menino do bairro até Sergio Negão e Tony Hawk, sempre por amor ao skate!. |