Por Marcelo Sanzoni
Nada inovador é questionar o fato de Pamela Rosa não estar sendo o centro das atenções no skate feminino. Isso é algo que já anda sendo questionado recentemente por alguns poucos, mas por que este anseio em falar de uma skatista que não é a mais famosa ou que chegou mais longe nas Olimpíadas de Tóquio?
Primeiramente, longe de mim querer tirar o crédito de qualquer outra skatista. Todas elas têm seus corres e seus méritos, mas a questão principal é tentar entender a caminhada que os focos do skate estão tomando.
Vendo notícias e assistindo transmissões é óbvio o queridismo das mídias de massa em mencionar os nomes Rayssa Leal e Letícia Bufoni, e isso é claro. São duas skatistas de origem humilde e que estão alcançando altos patamares não só no skate, mas também fora dele. Ambas merecem este reconhecimento. Aí por fora, no circuito mundial se acompanha a Pamela, com seu nome nem sempre brandido na mesma intensidade. Ela vai lá, faz o inimaginável perante as outras competidoras e se destaca com um skate agressivo e muito característico, e no caso recente, ainda levou o título de campeã da Super Crown da SLS.
Então queria seguir com algumas questões básicas sobre ela. Também é de uma origem humilde e sempre esteve no corre com o apoio da família, até então algo em comum com a maioria dos skatistas brasileiros que chegam a este patamar. Mas ela também é a atual bicampeã mundial pela SLS e primeira brasileira a levantar este “caneco” duas vezes, sem contar que desde o ano passado ela está em primeiro lugar no Ranking Mundial de Street Skate Feminino e teve outros títulos de campeã pela WCS (World Cup Skateboarding).
E depois destes fatos ainda fica a questão, então por que cara$#@ que ela não é o top nas matérias e notícias sobre o skate feminino? Essa é a hora que vem o pequeno Tirulipa e diz “Ain, mas é porque ela não é humilde, ela só pensa no dela...”Bom, infelizmente eu não consigo copiar aqui a matéria sobre como ela vai construir uma pista de skate no bairro em que nasceu em São José dos Campos, como os skatistas locais adoram a Pamela e sua família por estar sempre no corre com todos eles.
Aí fica esta dúvida: menina humilde, bicampeã mundial, líder do ranking, construindo uma pista pública do seu próprio bolso, e que tem o carinho de muitas pessoas do meio, mas que ainda assim não tem espaço nas mídias, enquanto ao mesmo tempo temos matérias falando de discussões de skatistas no Twitter? Eu enxergo que aos poucos estamos perdendo a oportunidade de ter uma das maiores skatistas da atualidade comentando, falando, incentivando novas gerações, e dando mais espaço para discussões fúteis, matérias bestas que não tem nada relacionado ao skate.
Respondendo à pergunta do título, você tem todo o direito de ser fã de x, y e z. Essa nem é a questão aonde quero chegar. Aqui é para pensar em o quê o skate tem se focado. Usei a Pamela mais para nível de exemplo, pois ela não é a única por aí que tem sido esquecida pelas mídias. O skate ano após ano tem perdido grandes promessas, simplesmente porque não tiveram o apoio para crescer. A grande diferença da nossa Bicampeã Mundial, é que ela nunca vai depender destes holofotes. Ela é guerreira e vai continuar subindo. E com certeza você conhece algum caso de alguém que no mínimo era espetacular, mas não conseguiu dar continuidade à sua carreira por falta de incentivo ou apoio. Então incentive e apoie aqueles que querem ou precisam, isso pode mudar completamente a vida de alguém. Skate é união! Então vamos nos unir e nos ajudar.
PS: Logo mais teremos o texto sobre o maior veneno do skate... #eusouskatista
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Marcelo Sanzoni Skatista, com o trabalho em mídia no Canal Eu Sou Skatista desde 2016, militante do skate e sempre focado em divulgar a cultura e a essência do skate, transmitindo pelo menos duas lives por semana no Instagram a mais de um ano e dando voz a lendas, skatistas do dia a dia e fomentadores do skate, aquele que já entrevistou do menino do bairro até Sergio Negão e Tony Hawk, sempre por amor ao skate!. |