SECNP - Skate: Este Carrinho Não Polui

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Como nasceu a ONG?

O flerte com a produção cultural, esporte e ainda na época ecologia, sempre esteve em nosso ou meu DNA, a gente por na época estar vivendo a história é que não dava muita atençao pra isso. Você como testemunha ocular lembra desta época.
Com o fim da sociedade na Punk-ék, (o CNPJ que realizava as competições de DHS e ações na ZN), as pessoas que colaboravam com o que mais parecia um coletivo do que uma empresa ficaram meio orfãs... na realidade até eu mesmo. A migração das cabeças pensantes da ZN para a ZO, assim como a falta de interesse da mídia pela quebrada, como bem pontuado pelo Flávio Ascânio na matéria do fanzine SkT News, filhote da extinta revista Overall continuava.
Então a pedido de amigos fundei o Fanzine Tribunow, que agora sim, mais experiente já carregava toda a bagagem conceitual, um nome que remetia a união de todas as tribos, uma analogia a tribunal de justiça, a alusão as tribos indígenas e sua filosofia de vida... Fotam anos de muita produtividade, mas como a distribuição era gratuíta, com uma tiragem maior que muitas revistas e impressão em off set, era difícil manter e após um convite formal do mainstream pra produzirmos pra este mercado... Pararíamos mais uma vez.
Foi então que, (voltando ao mote da pergunta), após dezenas de títulos criados e desenvolvidos pela equipe que produzia o Fanzine Tribunow e que manteve a coerência em seus editorias, dando continuidade ao respeito ao meio ambiente utilizando papel de refloretamento, optanto por gráficas que respeitassem uma produção sustentável, trabalhassem a questão social no entorno de seus parques gráficos, entre outras demandas socioambientais e da economia circular, que, mais uma vez a pedidos dos remanescentes do Fanzine Tribunow, agora em bem menor número, já que as tarefas do dia a dia já não os permite manter uma atividade não remunerada full time, nascia a ONG Tribunow, oficializada juridicamente em 2008 como: Associação Aldeia Global de Proteção e Preservaçã, Socioambiental, Cultural e Esportiva, que atende pelo nome fantasia de Instituto Tribunow e slogan: Onde a Justiça é Feita!

Por que fazer a ONG?

Após os escândalos da CPIs das ONGs, e de uma experiência mau sucedida em uma outra Organização Social, e juntamente com o pedido dos remanescentes Tribunow, como dito na pergunta acima, me debrucei sobre a parte juridica do terceiro setor, e se era pra fazer algo que já havíamos feito lá atrás, teria que ser algo bem-feito, ainda que demorasse um tempo. Mais uma vez a carta do chefe seattle de 1854 ao presidente dos EUA, o DYS do skate punk dos anos 80, entre outros conceitos filosóficos, como a Aldeia Global do filósofo e educador, o canadense Marshall Mcluhan, seriam um norte para a redação de nossa carta de princípios e de nosso estatuto. O que imaginávamos estar longe na ECO 92 no Rio de janeiro, estávamos vendo se tornar realidade nas COPs seguintes: (A Conferência das Partes (COP – Conference of the Parties) é o órgão supremo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, adotada em 1992. E acreditamos poder colaborar de alguma forma pra minimizar o que durante anos foi considerado como discurso dos eco chatos e que hoje ainda recebe o engajamento dos negacionistas.

Como foi o início?

Começamos sem documentação com a campanha Ainda Há Tempo, que chama a atenção para as questões referentes ao Aquecimento Global, hoje renomeado para: Mudanças Climáticas. O evento seria para celebrar 10 anos da ONG PA, e estava programado para ser realizado em vários parques de São Paulo, mas no mesmo período a Editora Abril lançou uma campanha muito parecida, e pra dificultar ainda mais, uma portaria do então prefeito Kassab passou a taxar eventos em parques e implantou a lei cidade limpa, que prejudicava as ações da Campanha Ainda Há Tempo, e das ações que compunham a mesma, no caso o Skate: Este Carrinho Não Polui!, com a lei cidade limpa, pois a proposta era que a campanha acontecesse nas praças da cidade. Dai pra fente foi só desafios políticos, jurídicos e comerciais. Mas fomos tocando na medida do possível.

Como surgiu a ideia?

Como relatato acima, foi algo orgânico e coletivo. Mas para os que convivem comigo, sabiam que bastava me dar um motivo pra eu voltar a empreender socialmente e com propósito, como se diz hoje em dia no ambiente corporativo.

O foco pricipal sempre foi o DHS?

O skate entrou na minha vida muito cedo, foi paxão a primeira vista. Ficava alucinado quando via aqueles entregadores de feira descendo as ladeiras com aquela espécie de patinete com o caixote na frente e um suporte para os pés atrás, onde eles iam alternando as passadas/remadas e ou pushing... hoje em dia e tanta regra que esta difícil, pra mim sempre vai ser remar (rs...) Na ZN na ladeira da Joana D"arc, uma ladeira em forma de cotovelo era parada obrigatória aos domingos, lá já se podia ver alguns malucos je jogando ladeira a baixo junto com os rolimãs... De familia humilde mas obcecado, logo dei um jeito de conseguir uns trucks acho que California, e jogos de rodas Chigago, ainda com bilhas. Aff, isto faz tempo... Molecote, pista nem pensar, fora a grana. Era half de madeirite mesmo e mais pra frente ver o Sergio Fortunato na Fronday no Abafa na Cantareir. O tempo passou, e queria uma grana pra poder fazer as coisas que todo moleque crescendo quer, então minha mae arrumou um trabalho pra mim, na ida acabava indo de skate algumas vezes, tinha mudado de escola e ouvia muito sobre um half em um tal de bancários, mos o que curtia mesmo era ir e vir de skate, e anos depois, intimado pelo Chorão por que da banda nunca ter saido no Fanzine Tribunow, ele mandou: pensa que sou playboy? Eu também sou da ZN, trabalhei na bicicletaria bertely e sempre te via passar de skate pra ir trampar na fabrica de relógios... Com um dos meus primeiros salários eu já queria fazer camisetas pra vender, e ia ser camisetas com estampas de skate, e por causa delas acabei conhecendo o Mauricio Shit, primeiro vocalista dos Inocentes, e vi pela primeira vez um cara descendo uma ladeira com uma câmara de bicicleta enrolado na madeira e dando varios 180 e zigue zagueando a mesma. Mas foi quando oficialmente fundei a Punk-Ék, anos depois, que conheceria o verdadeiro DHS, quando alugamos o imóvel na Vila Guilherme e o Fernandes, que esta com a gente até hje nos levou o URSO. Pra intensificar ainda mais o amor, nossa sede era em uma ladeira, que posteriormente passou a ficar lotada dos locais em qualquer dia, pra desespero dos vizinhos. Ah os anos 80. Hoje vejo como o nosso histórico com o DHS, que já foi chamado de street skate, nos aproxima ainda mais da questão da mobilidade urbana e da volta do skate as ruas... e da iniciativa Skate: Este Carrinho Não Polui!

Quem te ajudou no início?

Pra fundar a organização social e/ou organização não governamental, posso te dizer que foi e ainda é algo solitário, mas ainda posso contar com pessoas que se tornaram amigos, nossa sede ainda é em um espaço cedido, nunca trabalhamos com a ajuda do poder público, todos nosso eventos sempre foram tocados de forma independente. Mas se for pra dar crédito a alguém, ao Arnando Jr, downhillzeiro e advogado, que assinou nossa Ata de Fundação sem cobrar seus honorários, ao Danilo Fininho / Marimobondo Sinhá que nos abriga a todos estes anos sem cobrar aluguel... Minha família que sabe que sou maluco mas não rasgo dinheiro, e me aguentam até hoje, a você que sempre apoiou a iniciativa Skate: Este Carrinho Não Polui!. ao Fernando que esta aí desde de os eventos da Punk-ék, que você já nos deu a honra de correr... Aqui estamos falando dos olds! rs...
Meu primeiro patrocinador?
Eu mesmo, através do trabalho do Estúdio Tribunow para as editoras, foi com este aporte que chegamos até aqui.

Quais as principais dificuldades encontradas até hoje?
Atender a todos os requisitos e certidões solicitadas para poder trabalhar com o poder público, fazer com que a sociedade entenda que não é por você ter fundado uma ONG que se você liga pra alguém você necessariamente vai pedir dinheiro, que você vai ficar rico por trabalhar com o governo, e que todos os envolvidos tem que trabalhar de graça. Que tocar uma entidade não te faz Madre Tereza e Irmã Dulce. Que o terceiro setor não se trata só de caridade, e que as instituições tem que ter uma vida financeira saudável, receita e lucro nesta contabilidade são assutos diferentes. E que para trabalhar com skate de forma social, não necessariamente você precisa ter uma escolinha/creche. Assim como pra você trabalhar com skate, não necessariamente você precisa ser skatista, poder ser webdesigner, fotógrafo, video maker, etc... A campanha Skate: Este Carrinho Não Polui! por exemplo, ainda é confundida por muitos como uma marca. Mas já foi muito pior. rs...

De onde vieram seus incentivos?

Olodum, Afroreggae, CUFA do MV Bill, Sea Shepherd, Instituto Ayrton Senna, Projeto Arrastão... Mas tem muita gente boa na cena. O Testinha mesmo que conheci devido a SECNP - Skate: Este Carrinho Não Polui!, sempre que estava fazendo divulgação da iniciativa algum skatista sempre vinha me falar, conhece o Testinha? Gerando Falcôes é uma organização que venho acompanhando nos ultimos tempos...

Qual a maior vitória e maior derrota?

Em 2016, nossa participação para engrandecer o Go Skate Day levando estrutura, musica, homenagens com a campanha Raízes Culturais. O que era pra ser o nosso cartão de visitas pra cena underground, por pouco não melou, devido a ruidos na comunicação, que passamos anos reposicionando e apresentando nosso histótico no skate. Mais uma vez agradecer pela sua colaboração, afinal você estava presente e viu que o cronograma foi impecável. Faltou alguns detalhes, que seriam feitos através de investivementos de parceiros, mas que não se sentiram seguros em investir. Iríamos fazer a troca de 1.000 (mil) camisetas SECNP produzidas de garrafa pet, para cada camiseta produzida 2 garrafas pets a menos são descartadas no planeta. A troca seria realizada através de uma pçs usada de skate, que seriam montados e enviados para a Africa, mas infelizmente existem pessoas que não fazem e não deixam que quer, fazer. A conquista do Projeto Ruas Abertas pra nós também é uma grande conquista, embora na Av Paulista nossa participação possa ter sido discreta, na ZN, na Av Luiz Dumont Vilares / Av Nova, fomos fundamentais e porque não, indispensáveis, já que todo movimento partiu do Tribunow, e fomos agraciados. Inclusive o primeiro dia da Rua Aberta na ZN, foi no dia da homenagem ao Sérgio Yuppie, por isso a rua estava sem estrutura, pois com a conquista da autorização, fica proibido qualquer infra de eventos, pois a meta do projeto é ter um dia de paz, tranquilidade e interação entre os munícipes. Mas na sequencia a Av acabou perdendo a autorização por falta de pessoas para tocarem o projeto, infelizmente não podiamos dar a atenção merecido pois estávamos em plena negociação com a prefeitura para realizar as ações no Dia Mundial do Skate.

O que você espera do skate pós olimpiadas?

Em relação a imagem do skate, em um micro universo, imensamente menor que o das olimpíadas, o Intituto Tribunow, através da iniciavita SECNP, já vinha trabalhando isso. A campanha sempre é abraçada imediatamente onde chega, nos últimos meses fomos convidados juntamente com o presidente da CBSK, e outros formadores de opinião a falar na Câmara de Curitiba, e convidados a descorrer mais sobre o assunto com uma visita só com membros Tribunow, nesta oportunide o Cri Duarte foi escalado para nos representar.
Como publicitário vejo o skate ocupando espaço em diversas mídias e produtos, mas sempre de forma subliminar, ou seja, aumenta a visibilidade, mas não gera receita para a cena, a não ser para sandy do momento, que o mercado ja identificou ser uma mina de ouro.
Tambem tem a questão do gargalo, o que já era difícil, se tornou um funil ainda mais seletivo, tanto para o skatista quanto para as modalidades, pensando nisso, juntamente com o Cri e o Canal Eu Sou Skatista pensei em um movimento que colocasse luz sobre as modalidades de ladeira, e porque não dizer mais uma vez de rua, a #ladeiravive, ainda é um embrião, mas esperamos assim, juntamente com outros movimentos, mostrar que o skate vai além das modalidades selecionadas para as olimpíadas.
Como já mencionado acima, vivemos do aporte financieiro do Estúdido Tribunow, mas já a tempos estamos trabalhando no sentido de gerar nossa própria receita, hoje, com nosso trabalho mais estabilizado e com os ruidos de comunicação solucionados, nos preparamos para colocar no ar nosso portal e webstore, onde quem se identificar com nosso trabalho vai poder adquirir nossos sulvenirs que são muitos. Através de uma nova iniciativa como a, Consuma. Mas Não Seja Consumido, trabalharemos a questão dos resíduos como tecido, que são descartados de forma irregular pelo planeta, e recentemente foi matéria no Profissão Repórter da Rede Globo. Estas e outras ações irão nos ajudar a fazer receita para podermos continuar a nos profissionalizar.